José Eduardo Cardozo e os demais petistas se zangam quando se diz que Dilma caiu pelo “conjunto da obra”. No seu entendimento perturbado do mundo, entendem que se está admitindo que ela não cometeu crime de responsabilidade.
Trata-se, obviamente, de uma mentira. Sim, o crime foi cometido, mas é fato que ele não teria sido condição suficiente, embora necessária, para a deposição.
Foi, sim, o jeito petralha de governar que derrubou a “governanta“, aliado a uma brutal crise econômica, derivada, diga-se, desse mesmo petralhismo: não fosse a determinação de jamais largar o osso, a então mandatária teria tomado medidas para evitar o abismo.
Ocorre que ela não devia satisfações ao Brasil, mas ao projeto de poder, tornado realização, que havia se assenhoreado do estado e que vivia de assaltá-lo.
A resistência venceu. Ao longo dos anos de contínua depredação da verdade e da lógica, soubemos manter as nossas instituições e reagimos com a devida presteza todas as vezes em que eles tentaram mudar os códigos do regime democrático.
Não estão mortos. Não estão acabados. Estão severamente avariados, e cumpre aos defensores da democracia que sua obra seja sempre lembrada como um sinal de advertência.
Até porque, a exemplo de todas as tentações totalitárias, também a petista tem seus ditos intelectuais, seus pensadores, seus… cineastas.
As candidatas a Leni Riefenstahl do petismo, sem o mesmo talento maldito da original, não conseguiram fazer a epopeia do triunfo; então se preparam agora para fazer o réquiem, na esperança de que o ressentimento venha a alimentar o renascimento.